Aposta no ovo orgânico


Aposta no ovo orgânico


A produção natural de alimentos, conhecidos como orgânicos, conquista cada vez mais espaço no Brasil. Dados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) indicam que até 2015, o volume de produtores orgânicos certificados no Brasil deve dobrar e atingir 28 mil pessoas. Segundo Rogério Dias, coordenador de Agroecologia do Mapa, o crescimento do setor não é apenas uma estratégia mercadológica, mas também uma prática sustentável. "Entendemos que o crescimento da agricultura orgânica visa principalmente o desenvolvimento sustentável da agricultura", afirma Dias. "Temos que encontrar alternativas de insumos, manejo e novas tecnologias para antecipar alguns problemas que a humanidade terá no futuro, como a escassez dos alimentos da agricultura atual". Com base na afirmação do representante do Mapa, este nicho de mercado pode gerar novas oportunidades para a avicultura nacional, em especial ao setor de postura - através do ovo orgânico.


De acordo com o zootecnista da Uniquímica, Vítor Arantes, um ovo orgânico deve ser proveniente de uma ave criada livremente - são proibidos procedimentos como a debicagem e o confinamento em gaiolas -, cuja dieta foram alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos. "É vedado o uso de promotores de crescimento e antibióticos na ração", explica Arantes, pontuando que toda produção deve ser comprovada pelo Mapa através de um selo - o Selo Orgânico - após o produtor apresentar certificado emitido por uma entidade certificadora terceirizada que segue parâmetros ditados pelo Ministério da Agricultura. "Todo alimento orgânico é muito mais que um produto sem agrotóxicos", disse o zootecnista. "A filosofia orgânica nasce do resultado de um sistema de produção agrícola que busca manejar de forma equilibrada o solo e demais recursos naturais [água, plantas, animais, insetos, etc]".


Para Arantes, a ausência de substâncias que podem contaminar o solo, a água e causar desequilíbrios ecológicos; o bom retorno econômico, em função do status desse tipo de produto perante o consumidor e a ampla aceitação no mercado exterior compõem as vantagens da inclusão da produção orgânica dentro de uma empresa. No entanto, a dificuldade em aquisição dos insumos necessários para a produção; a menor produtividade, que prejudica a capacidade de suprir a demanda mundial de alimentos e o trabalho diferenciado necessário para este tipo de produção são desvantagens que precisam ser avaliadas.


Nutrição- Considerando a produção orgânica de ovos, os aspectos nutricionais da ave de postura necessitam de enorme atenção por parte do produtor. As rações deverão ser balanceadas de acordo com as exigências nutricionais da ave, utilizando-se ingredientes orgânicos e de boa qualidade. Segundo a gerente de Produtos da Uniquímica, Sônia Bazan, A estrutura física para mistura de ração, deve ser independente da convencional, ou passar por procedimentos que impeçam a mistura de ração orgânica e não orgânica. "Na impossibilidade de que o arraçoamento seja 100% orgânico será permitido o uso de 20% de ingredientes de origem não orgânica [esses 20% serão calculados com base na matéria seca]", explica Sônia, complementando que a alimentação das aves deverá estar completamente livre de quimioterápicos, agentes anticoccidianos e aminoácidos sintéticos. "Restos de verdura, legumes e frutas poderão ser fornecidos aos animais, desde que sejam oriundos de produção orgânica certificada, sendo proibido o uso de restos de restaurantes e de vegetais de produções convencionais". Existem outras especificações, de acordo com a gerente da Uniquímica. Todo produtor pode entrar em contato diretamente com o Mapa para obter todas as informações e solicitar o "Selo Orgânico". 


Em tempo, a Uniquímica recentemente lançou sua linha para produção de ovos orgânicos. O produto da empresa é o Unimix Orgânico. Esta nova linha nutricional atende às mais exigentes normas de produção para ovos orgânicos, estabelecidas atualmente pela legislação brasileira. De acordo com Sônia Bazan, hoje o mundo está de portas abertas para produtos mais saudáveis, mais seguros e mais respeitadores do meio ambiente. "A tendência do consumo de produtos naturais e saudáveis criou nichos de mercado e a Uniquímica não poderia deixar de atuar em tão importante segmento", destacou.


Fiscalização - Desde 29 de dezembro de 2007, a agricultura orgânica no Brasil passou a ter critérios para o funcionamento de todo o seu sistema de produção, desde a propriedade rural ao ponto de venda.


Estas regras estão expressas no Decreto nº 6323 publicado no Diário Oficial da União.


A legislação, que regulamenta a Lei nº 10.831/2003, inclui a produção, armazenamento, rotulagem, transporte, certificação, comercialização e fiscalização dos produtos.


A inspeção é feita nas unidades de produção, estabelecimentos comerciais e industriais, cooperativas, órgãos públicos, portos aeroportos, postos de fronteira, veículos e meios de transporte e qualquer ambiente onde se verifique a produção, beneficiamento, manipulação, industrialização, embalagem, acondicionamento, distribuição, comércio, armazenamento, importação e exportação.


Quando houver indício de adulteração, falsificação, fraude e descumprimento da legislação serão tomadas as seguintes medidas: advertência, autuação, apreensão dos produtos, retirada do cadastro dos agricultores autorizados a trabalhar com a venda direta e suspensão do credenciamento como organismo de avaliação. As punições serão mantidas até que se cumpram as análises, vistorias, ou auditorias necessárias. Também poderão ser aplicadas multas que variam entre R$ 100 a R$ 1 milhão de reais.


Para o detalhamento de algumas questões do decreto, tais como o manual de boas práticas da produção orgânica, simplificação do registro dos produtos, lista dos insumos permitidos e regras para o credenciamento dos organismos de avaliação da conformidade orgânica, o ministério publicará instruções normativas que ficarão em consulta pública por 30 dias. Alguns desses regulamentos serão elaborados em conjunto com outros órgãos do governo federal, como Ministérios da Saúde e Meio Ambiente.Todos os segmentos envolvidos na rede de produção orgânica terão prazo de dois anos para se adequarem às regras do decreto.


No - Art. 55. Os procedimentos relativos à fiscalização e inspeção da produção, manipulação, industrialização, circulação, armazenamento, distribuição, comercialização e certificação de produtos orgânicos nacionais e estrangeiros obedecerão ao disposto neste Decreto e demais legislações aplicáveis, de acordo com as áreas de atuação administrativa dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Meio Ambiente e da Saúde, em função da natureza do produto. 


Art. 56. As ações de inspeção e de fiscalização efetivar-se-ão em caráter permanente e constituirão atividade de rotina.


Além disso, os selos de certificação dão garantia que o produto segue as normas de produção orgânica. Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica, a famosa IFOAM - a primeira instituição no mundo que criou normas para a produção orgânica, em1972 e essas normas serviram de modelo para muitos países, inclusive para o Brasil.


FONTE: Redação Avicultura Industrial

0 comentários:

Postar um comentário

Caros internautas,
Para receber resposta não esqueçam de fornecer o e-mail para contato.

Obrigada!